Como você reage quando alguma coisa dá errada? Chora, grita, esperneia, se culpa? Talvez você tenha padrões muito elevados de exigência. Saiba que isso pode ser prejudicial para si mesmo.
No mundo de hoje somos constantemente desafiados a “fazer melhor”. Vivemos com a insana sensação de que nunca é o bastante. Contudo, compaixão consigo mesmo é um elemento importante na autoestima e saúde emocional. Ter autocompaixão significa ser mais gentil e bondoso consigo mesmo, da mesma forma que se agiria com um amigo. Autocrítica constante gera culpa paralisante que contribui para mais fracasso.
O estudo da autocompaixão como um constructo científico teve inicio em 2003 com a psicóloga Kristin D. Neff da Universidade do Texas em Austin. Desde então o tema vem sendo pesquisado por psicólogos e psicanalistas na perspectiva de que, tratar-se com amabilidade ajuda na autoaceitação, maturidade psíquica e mudança de padrões cristalizados e repetitivos do comportamento. Mas a prática da autocompaixão não deve ser confundida com vitimização, fraqueza ou autocomplacência. Isto seria um erro, pois a autocompaixão nos direciona, de forma mais bondosa, para o autoaperfeiçoamento. Em seus estudos, Neff destaca três componentes indispensáveis nesse processo: 1) tolerância para consigo mesmo em tempos tortuosos; 2) prestar atenção ao sofrimento de maneira consciente, sem exagero; 3) reconhecer a dor como parte da experiência humana, não exclusiva a uma só pessoa. A psicóloga acredita que não somos influenciados apenas pelo que enfrentamos na vida, mas também pela forma como lidamos com nós mesmos ao passarmos pelas dificuldades.
Pesquisas realizadas em 2012, pela psicóloga social Ashley Battes Allen da Universidade de Duke com adultos mais velhos, concluíram que a autocompaixão traz benefícios psicológicos importantes como menores índices de ansiedade e depressão, maior senso de bem-estar e menor gasto de tempo focando em coisas desagradáveis que consomem a energia emocional. Outro achando interessante é que a autocompaixão favorece a resiliência e promove uma recuperação mais rápida em situações adversas como luto, divórcio e outros tipos de perdas.
Em 2013, Kristin Neff dirigiu outro estudo sobre autocompaixão envolvendo 104 casais. Surpreendentemente, cônjuges autocompassivos eram considerados como mais carinhosos, solidários, menos controladores e menos agressivos por seus parceiros. Kristin argumenta que dificilmente um relacionamento será saudável se alguém sempre oferecer o melhor ao outro e for extremamente duro consigo mesmo.
Se a autocompaixão traz tantos benefícios, a autocrítica severa e o desmerecimento próprio podem ser maléficos. Então, em situações nas quais se constatem escolhas ruins ou falhas, o primeiro passo é acolher-se para, na sequência, comprometer-se conscientemente com a mudança. Lembre-se que ninguém muda para melhor, sentindo-se mal.
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