Às vezes acontece inesperadamente. Em outras, vem lentamente se anunciando. Seja como for, mudanças podem provocar resistência e nos impactam positiva ou negativamente. Quem literalmente já se mudou sabe como é… Caixas e malas por todos os lados. Você separa o que vai levar, vende, doa ou joga fora o que não vai mais precisar. É o exercício do DESAPEGO! De forma individual ou como unidade familiar, mudanças internas e externas fazem parte da vida e dificilmente há como evitar!
Quando a mudança ocorre no contexto organizacional, por exemplo, a resistência é muito comum, e geralmente revela a influência de variáveis individuais e situacionais advindas da maneira como cada pessoa cria a sua própria representação da realidade. Isso foi constatado por José Mauro Hernandez e Miguel Caldas, administradores de empresas e doutores pela FGV-EAESP. Autores de um modelo de resistência individual à mudança creem que as pessoas o vivenciam em sete estágios. Para entender melhor o modelo, imaginemos a transferência de trabalho que resulte numa mudança de endereço para uma família, por exemplo.
1º Estágio: Exposição à mudança ou inovação – consiste no momento em que a família é comunicada da transferência. Nesse momento, interferem no processo vários fatores, mas em geral surge um sentimento de ambiguidade relativo a perdas e ganhos.
2º Estágio: Processamento inicial – há a comparação entre as prováveis consequências da mudança com expectativas, atitudes e comportamentos do passado.
3º Estágio: Resposta inicial – após a comparação ocorrida no segundo estágio, gera-se, na família, uma aceitação ou rejeição inicial à nova realidade.
4º Estágio: Processamento estendido – nesta etapa a avaliação da mudança será feita de forma mais cuidadosa e demorada, podendo ser percebida como oportunidade, ameaça ou ambos.
5º Estágio: Aceitação e resistência emocionais – será o momento de comparações entre a situação real e a situação almejada gerando, por sua vez, emoções e estados mentais que podem ser de aceitação ou de resistência. O processo cognitivo de cada pessoa interfere nesse estágio.
6º Estágio: Integração – ocorre a integração das emoções e respostas cognitivas produzidas no estágio anterior.
7º Estágio: Conclusão – resulta na adoção de um dos quatro comportamentos a seguir: a) adoção espontânea da mudança; b) decisão para se superar a resistência à mudança; c) adoção de um comportamento resistente; d) indecisão (principalmente nos casos em que a decisão é muito complexa).
Como o modelo é cíclico, durante o processo de mudança, a pessoa pode ser surpreendida com novos estímulos, interiores e exteriores, de natureza distinta (novas informações sobre o novo trabalho e endereço, diferentes pressões de grupo, novas emoções, etc.). Por isso é importante lembrar da capacidade de adaptação do ser humano e ter em mente que, embora possam ser dolorosas, as mudanças inevitáveis doem mais quando somos resistentes a elas.
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