Com certeza você já falou com alguém e teve a sensação de que não estava sendo compreendido. Ou até sentiu que a pessoa estava sendo hostil apesar de você tentar se comunicar com clareza. Acredite! Isso não acontece apenas com você. Mas existem formas de tornar a comunicação em nossos relacionamentos mais produtiva e menos violenta.
O psicólogo americano Marshall Bertram Rosenberg foi o idealizador do processo de comunicação não-violenta (CNV), chamado também de comunicação empática. Ele acreditava que por trás de qualquer comportamento sempre existe uma necessidade. Juntamente com uma equipe internacional, Marshall pesquisou esse tema em profundidade e enfatizou a importância de estabelecer conexões sem julgamentos e sem defesas de modo a compreender as necessidades pessoais e dos outros. A abordagem da CNV foi dividida em 4 passos:
- Observação – Consiste em realmente observar o que está acontecendo na situação, atentando para as ações e palavras do outro sem, contudo, julgar ou rotular esse comportamento, mas apenas dizer o que agrada ou não naquele comportamento. É muito importante que a observação seja baseada unicamente em fatos e não em nossas interpretações desses fatos.
- Sentimento – É quando identificamos em nós mesmos os sentimentos que a situação provocou – medo, raiva, frustração, mágoa, alegria etc. Neste momento é importante diferenciar o que sentimos da ação alheia, pois quando digo que “estou sentindo raiva com o que aconteceu”, é diferente de “você me provoca”. Logo, se estão me provocando, o que de fato sinto? O objetivo não é minimizar a responsabilidade do outro no conflito, mas sim melhorar a chance de ser escutado quando for expor o que sente.
- Necessidades – Esta etapa vai ser usada para expor as suas necessidades de forma clara, responsabilizando-se por elas ao invés de culpar os outros. Você pode dizer ao seu filho adolescente, por exemplo: “Quando vejo seus sapatos jogados no meio da sala eu fico irritada porque preciso de mais ordem no espaço que compartilhamos”. Isso tem um efeito melhor do que simplesmente dizer: “Não aguento mais essa bagunça! Você sempre deixa os sapatos no meio da sala”. Você pode reforçar que o conceito de cooperação é importante pra uma convivência satisfatória e que por isso precisam conversar sobre acordos de funcionamento da casa.
- Pedido – Finalmente é o momento de fazer um pedido bem específico para ter atendidas nossas necessidades. Por exemplo: “Você poderia colocar seus sapatos no seu quarto?” Pedir às vezes é difícil pela possibilidade de receber não como resposta. Mas a CNV requer coragem, até porque as pessoas não vão conseguir adivinhar o que precisamos se não falamos.
O aspecto primordial da CNV é estar aberto para receber dos outros os 4 passos também. Se quisermos estabelecer um vínculo de confiança e desfrutar uma vida enriquecida precisamos exercitar a empatia diariamente nos colocando no lugar dos outros.